terça-feira, 23 de julho de 2013

(Re)Começo

Foto retirada da página do Facebook "Viver em Santos", minha cidade

Sou péssima em titular coisas. Ao gastar horas a fio pensando num nome para esse meu espaço, só conquistei uma dor de cabeça e uma lista considerável de palavras a serem usadas. Após Olhos de Abismo, Doce Inconstância e Sonhos de Areia terem sido descartados, perguntei descompromissadamente ao meu irmão de 5 anos que nome eu deveria dar ao meu blog. Após 15 segundos da mais profunda reflexão infantil, ele arregalou seus olhos negros, e disse com ar inocente: "Mares de Marina!". Misturei minha humilhação intelectual ao orgulho de irmã mais velha, beijei sua bochecha redonda e saí saltitando, não sem antes ouvir a pergunta direcionada a minha mãe do que seria um blog, afinal de contas, e por que ela está feliz assim.

Isto soa como um começo, mas deve ser considerado um recomeço. O momento atual encerra o No Rose Without A Thorn, meu antigo espaço virtual. Com ele, conquistei diversos prêmios e publiquei mais que textos - amadureci. As palavras a princípio desajeitadas, as frases cheias de gírias e os planos ingênuos ganharam forma e gosto. Percebi, amargurada, que o blog como um todo era mera transição, e eu não tinha mais prazer em exibi-lo, carregá-lo livremente. Decidi num impulso afogar algumas lembranças (in)significantes e partir para um novo lugar.

Cansei-me de promessas e julgamentos vazios. Eu poderia depositar aqui todas as expectativas flutuantes que tenho quanto a este projeto, contudo acredito que a possível frustração futura não valeria esta ação. Assim, apenas arrisco-me a dizer que a primeira fase do Mares de Marina será uma reciclagem do que eu era para o que acredito ser. Textos que me tocarem serão reformulados aqui, e caso alguém demonstre profundo interesse por meu passado nebuloso, posso considerar uma reativação do NRWAT, como souvenir. Depois deste suposto acontecimento, continuarei minha árdua jornada de pseudo-escritora-de-dezessete-anos-cheia-de-coisas-para-fazer-e-além-de-tudo-em-ano-de-vestibular.

Essa é a ideia geral, e qualquer comentário construtivo será bem-vindo em minha caminhada.

Não tenho ilusões quanto ao andamento do barco. Talvez amanhã eu considere meus textos mal estruturados e tortos, e se for o caso, desviarei-me novamente da rota esperada. Essa é a graça de viver um dia de cada vez, ou planejando tão longe que a influência de um pensamento atravessado possa mudar bruscamente o futuro idealizado.

Sou perfeccionista, e não publicando algumas postagens logo, enlouquecerei entre rascunhos que almejam melhoras tão infinitas quanto infinitesimais. Sei que nem tudo aqui terá qualidade, e talvez seja mera pretensão minha essa mania de passar o tempo todo rabiscando qualquer pedacinho de papel com palavras vãs. Basearei-me em Stephen King, porém: "Se você quer ser um escritor, deve fazer duas coisas acima de todas as outras: ler muito e escrever muito".

Atualmente, minha dúvida universitária baila entre os cursos de Direito, Letras, Sociologia e Filosofia, tendo maior chance o primeiro. Contudo, desde minha infância nunca tive dúvidas quanto ao meu amor pela leitura, e agora arrisco minha dignidade ao dizer que, mesmo conhecendo inúmeros autores superiores a mim, o sonho é maior que o bom senso. Prometo contentar-me com a redação de embalagens de sabão em pó, se for o caso, mas a grande questão é que, ignorando o valor de meus escritos, quero libertá-los dos tantos cadernos e documentos virtuais que os aprisionam.

Posso me afogar nesta frágil tentativa de esperança - sou uma pessimista nata - mas antes disso tentarei prosseguir com meu sonho de menina, que sempre encontrou nos livros o conforto, e nas palavras a liberdade. O tempo será um inimigo menor que meu prazer ao apertar o botão laranja de "publicar", ao dar-me conta de que minha voz pode (sim!) ser mais importante que algumas imposições rotineiras como dormir e estudar assuntos que serão úteis apenas para uma prova absurda e definitiva, ao cabo deste ano.

Obviamente, espero agradar um eventual e desatento leitor que pare por aqui. Acima de tudo, entretanto, minha luta será contra o espelho, numa busca por melhor vocabulário, ideias aprazíveis e sorrisos momentâneos. Talvez eu fale sozinha, e por este mesmo motivo gostaria de uns assuntos agradáveis, umas histórias engraçadinhas e um punhado de melancolia, pois seria terrível entediar-me comigo mesma.

Assim, acabo otimista esta primeira postagem. Eu poderia escrever mais inúmeros parágrafos sobre quem sou - ou acredito ser, corrige-me Rousseau - mas para conhecer-me, os textos bastarão. Nessa minha trajetória humana, e por isso naturalmente egocêntrica, trarei mais de mim nas entrelinhas do que seria saudável. Escrever é isso, traduzir-se sorrateiramente, entregar-se mesmo quando em fingimento. Um vício, permita-me a ousadia.

Encerro por aqui. Bem-vindo aos meus mares, e que nos acompanhe a boa sorte.

2 comentários:

  1. Marina, você escreve bem pra caralho!
    Nunca que com 17 anos eu sequer pensaria dessa forma!
    Você é muito talentosa, sério. :)

    Da sua colega do inglês e irmã de um professor. ;D

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    1. Obrigadíssima! Seus desenhos bem que podiam fazer participação especial aqui :3

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